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A mostrar mensagens de setembro, 2018

A ""Lenda do Havn é daqueles livros que nos fala tão alto, que quase pede para ser lido."

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(Só posso agradecer ao jornalista Bruno kalil pelas palavras tão bonitas!) "A Lenda do Havn é daqueles livros que nos fala tão alto, que quase pede para ser lido. Após ler este segundo romance editado pela Ana Kandsmar, depois de ter lido A Guardiã (1ª edição), posso concluir que é esta a obra que firma e afirma a maturidade de escrita de alguém que não está na literatura por acaso ou por equívoco. A forma como a Ana dribla as palavras e constrói as imagens da trama é genuína e peculiar, mas sem (querer) ser transcendental. Daí, até, a ancoragem e enraizamento na realidade conhecida. Entra dentro dos protagonistas sem aviso prévio, e disseca-os, deixando-lhes as vísceras renderem-se ao espanto de quem as lê. Incorpora e faz-nos mergulhar numa experiência mediúnica, que vai dos sítios mais belos aos mais atrozes locais do nosso imaginário; qual “thriller” tridimensional. E fá-lo com a cadência de um carrossel de animais que se desprendem para se enlear uns no

Vindimas

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É Setembro, mês das vindimas. Desde o primeiro dia até às adiafas, levantamo-nos de madrugada. A mãe grita do cimo das escadas para o corredor, “toca a levantaaaar!” repete-o com uma voz que lhe trepida pelas cordas vocais e eu estremeço, ainda metade de mim imersa no último sonho.  Ainda não amanheceu. Vejo estrelas quando descubro o rosto antes tapado pelos cobertores, e a pequena janela, cujas cortinas se abrem em par, mostram-mas de um amarelo vivo, aos montinhos no céu ainda escuro, a brilhar como se pirilampos a esvoaçar por entre o negrume. As temperaturas já começaram a baixar e o meu pequeno quarto é como a exígua prateleira de um frigorífico.  Volto a tapar-me, enrolo-me mais um bocadinho. Só mais um bocadinho. “Toca a levantar!”, de novo a voz da mãe que faz eco pela casa e as palmas, as irritantes palmas da mãe, que me marcaram para sempre os acordares. É tão desagradável acordar. A vida depois disso é tão desagradável.  O café de borras a fumegar numa caneca de asa