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A mostrar mensagens de março, 2020

Zumbidos na noite

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"Ouvem-se zumbidos na noite. E, na hora sonâmbula, quem não sente dedadas frias na pele? Quem não sabe que há-de cuspir o âmago pelos olhos molhados até adormecer de cansaço? Quem não encarna a loucura que os deuses ofertam como abrigo entre os nadas e as solidões? Sempre que adormecer na brisa, haverá alguém que me carregue em braços para o recôndito de uma alma? Pergunto-me se acaso sentes o que há de encanto no amor incondicional e gratuito. O que há de encanto em fazer de um estranho, à custa de tanto o amar, a pele que envolve um abraço ou quanta magia existe em habitar sonhos alheios. Pergunto-me se sabes o quanto dói esta visão vicariante da vida. A coragem de ser fraco na fortaleza alheia, e ainda assim a luz de que precisa o cavaleiro para apontar a lança, ou ainda o braço do cavaleiro que tantas vezes vacila. Pergunto-me se sabes que a dor que não sentes em ti e é dor no outro, é dor também." Ana Kandsmar in Somos Imortais Mas Temos que Morrer Primeiro

Irão- A breve história

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O Irão, país que se localiza no Planalto Iraniano (Médio Oriente), era chamado de Pérsia do século 6 a.C. até 1935, apesar do nome Irão já ser utilizado pelos persas desde o século 7. Durante a Antiguidade, a Pérsia foi um grande império, que englobava desde a atual Turquia até ao Punjab, incluindo o Egipto (África). Depois de muitos séculos sob domínio de outros povos ou em guerra para conquistar o seu antigo império, a Pérsia foi anexada pelo Império Árabe o que aconteceu desde o século 7 até ao século 11. A partir de então, o islamismo tornou-se a religião local, mas os iranianos adotaram a versão xiita como forma de reação nacionalista, já que o Império Árabe era sunita. Da mesma forma, a língua persa foi mantida em oposição à língua árabe dos dominadores. Até hoje a língua persa e o xiismo são defendidos pelos iranianos como forma de resistência. Irão no século 19 e início do século 20 Nos séculos 18 e 19 os iranianos tiveram que enfrentar duas novas potências imperial

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"Tal nunca me tinha acontecido. Não fazia a mais pálida ideia de como acontecera.  A bátega que se adensara ter-me-ia distraído; as mãos sempre a fugir do volante para desembaciar o vidro; a poça no alcatrão que afundara inesperadamente e me fizera perder a direcção; o borrão do cigarro que me caíra no colo… não sabia. Mas sabia que sentira o carro bater em qualquer coisa. A princípio duvidara que fosse um corpo. Mas logo a seguir, uma espécie de gemido entrara pelas frestas do vidro, que relutantemente entreabrira, e segredou-me qualquer coisa ao ouvido. Fiquei à espera. Do silêncio. Ou da coragem, não sabia bem. Na verdade, temia sair do carro e encontrar ali um corpo ainda com vida a suplicar-me ajuda. Veria certamente a pedinchice a pingar dos olhos da minha vítima, e eu detestava ver pedinchice a pingar dos olhos de alguém. E temia também encontrar ali o anjo da morte com a sua foice e que ele, para castigo, me levasse a mim e não ao corpo estendido no chão. Voltei a