Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2019

Romance...

Imagem
Conheço muita gente que anda a trabalhar num romance. Eu, por exemplo, ando a trabalhar num romance, que é um pouco diferente de escrever um romance. Trabalhar num romance confunde-se com a actividade geral da existência. Bebo um café e estou, de algum modo, a trabalhar no romance.  Conduzo mais absorta na música que ouço que na condução que faço e estou a trabalhar no romance.  Fico a olhar melancolicamente pela janela do meu quarto e estou, mesmo assim, a trabalhar no romance. O romance, esse, não avança, tanto é o trabalho com que o sobrecarrego. Permanece em estado de crisálida, eterna possibilidade onde cabe tudo e não entra nada.  É então que encontro outros que, como eu, andam a trabalhar num romance.  Resumem intrigas, esboçam personagens no ar, prevêem glórias futuras, prémios Saramago, comendas, capas do suplemento do Expresso.  Da crítica esperam que seja justa; dos leitores, que sejam milhares (mulheres novas em idade fértil, sobretudo); dos pares, a invejazinha f

Um homem como nenhum outro...

Imagem
Nos manuscritos do Mar Morto, do qual constam evangelhos como o de S.Lázaro, Maria Madalena, S.Judas e outros, (convenientemente?) excluídos da Bíblia aquando do Concilio de Niceia, as historias em volta da vida de Jesus diferem e muito do Novo Testamento.  Aqui, segundo se divulgou, conta-se que Maria Madalena, longe de ser prostituta, era mulher de Jesus, Judas não teria traído o Mestre e a morte na Crucificação não teria acontecido.  Tendo em conta estes factos não comprovados e tendo em conta que nenhum facto da Bíblia está comprovado, tudo está em aberto, mas o que, inequivocamente, está comprovado é que alguém mente.  Terão mentido João, Lucas, Paulo e outros, os que constam da Bíblia Sagrada? Terá assim mentido a Igreja que articulou um conjunto de relatos que remam para o mesmo lado e constroem uma história com alguma coerência? Não sei. É-me indiferente.  O nosso Jesus, que poderá ter sido floreado com associações a antigos Deuses como Mitra, por exemplo, este Jesus

Out of spirit

Imagem
Ouço com alguma frequência quem se pergunta: "Porque é que antigamente havia mais espírito de Natal?" Talvez consigamos responder se olharmos com olhos de ver para a forma como vivemos hoje o Natal. A festa que celebrava o aniversário de Jesus, hoje celebra apenas o consumismo.  Hoje o Natal é a festa do consumo. Não há espírito algum no consumo. Consumir é uma coisa que nos satisfaz momentaneamente e logo nos deixa vazios. Vazios de todas as maneiras possíveis.  Natal verdadeiramente vivido era aquele que reunia a família, aquele em que se faziam os preparativos em conjunto, aquele em que as crianças iam com os familiares adultos apanhar o pinheiro para fazer a árvore e o musgo para o presépio.  Natal era aquele em que tínhamos tempo para reflectir sobre a nossa vida olhando a Sagrada Família, Maria e José adorando o seu Menino acabado de nascer.  Natal, era quando preparávamos a ceia com tempo, e a casa ficava perfumada com as ceras derretidas das velas, a lenha a