A Lenda do Havn - A 3 de Junho nas livrarias!



"Num dia de chuva, daqueles que a vontade é ficar em casa, aconchegado no sofá com um bom livro entre mãos, eu comecei a leitura de A Lenda do Havn.
A chuva batia pausadamente na janela e eu ouvia o barulho, sempre para mim reconfortante, da água a correr pelos algerozes dos telheiros. A casa estava um pouco fria mas não suficientemente para ligar o aquecimento central. Preferi acomodar-me da maneira mais tradicional, com uma manta de repouso. Sobre a pequena mesa onde gozam livros empilhados que aguardam a sua vez de serem lidos, pousei uma caneca de chá verde que ia debicando ainda fervente, enquanto lia as primeiras páginas.
Pouco depois, pousei o manuscrito e olhei para a rua e para a chuva sem olhos de ver. A minha mente já estava longe tentando definir os cenários descritos e as características físicas dos personagens.
Os primeiros capítulos surgem em estilo de narrativa, convidando, obrigando, a uma leitura lenta e pausada.
São como um doce que obriga a um longo tempo de confeção ao lume. Queremos comê-lo rapidamente mas há que saber esperar. E aqueles que, como eu, têm o prazer da cozinha, sabem que tão grande como o prazer da degustação é o prazer da confeção.
Rapidamente, entrei no ritmo do romance. Na doçura e tranquilidade que existiam naqueles dias recordados por Sofia, a personagem. Tão serenos como o dia de chuva que eu gozava nesse dia.
O meu mundo e o mundo descrito no livro começavam a mesclar-se. Os dias seguintes trouxeram mais chuva e mais vontade de permanecer em casa. Já não era o chá que era aconchegante, nem a manta, nem o sofá. E a chuva que caía lá fora, batendo nos vidros das janelas e a água que escorria pelos algerozes, eram apenas a banda sonora da história que eu estava a ler. A Lenda do Havn era o verdadeiro aconchego que tive naquelas horas de ócio ao fim da tarde.
As maravilhosas descrições que a Ana fez do mundo exterior e do íntimo de Sofia, traziam um conforto agora maior que aquele que me trazia o mundo sensorial. Comecei a ansiar diariamente por aquelas curtas pausas de fim de tarde ou ao serão que me levavam de volta ao mundo do Havn.
Se a determinada altura ansiava também por saber o fim da história, essa vontade rapidamente cessou por troca do gosto pela narrativa. Recordei com um sorriso um texto de Constantino Kavafis, o prémio não está no fim da jornada mas na jornada em si. E quando a narrativa obrigou a maiores diálogos e com isso a um aumento do ritmo de leitura, tentei travar a velocidade da cronologia para poder desfrutar por mais tempo da história de Sofia. Ainda hoje, que já terminei de ler o livro, tenho pena do romance ter acabado. Queria ter continuado por mais tempo naquele mundo de Sofia e ter a sua companhia aconchegante nestas tarde de inverno. Já sinto a sua falta.
A Lenda do Havn trouxe-me os dias de entusiasmo à volta dos textos da Ana. A magia das suas palavras, a forma única como consegue exprimir os afectos.
E devido à sua extraordinária capacidade de criar um vínculo empático entre a sua escrita e o leitor e ao seu dom de conseguir tão bem fundir a ficção com a realidade, quando acabamos de ler o livro não evitamos poder sentir um desejo profundo de sermos o Sam ou de podermos ser contemplados com um amor como o de Sofia."

(Excerto do Prefácio de autoria do escritor Paulo Caiado)

No próximo domingo, dia 3 de Junho, às 16h, é apresentado o novo romance de Ana Kandsmar, pseudónimo literário da jornalista Ana Cristina Pinto. Será no Café Concerto Sons, Tons e Sabores no Centro Cultural e de Congressos de Caldas da Rainha (CCC) e eu terei a honra e sobretudo o prazer de ser um dos apresentadores. Não deixem de vir.

(Paulo Caiado)
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