Terra Minha

Terra minha,

Eis que me devolvo

A minha poesia ao teu ovo
Devolvo-te os sorrisos, hoje mortos
Os meus sonhos brotos
O meu inútil corpo
Devolvo-te o cheiro
Destes eucaliptos que acenam
Adeus e despedidas
Devolvo-te as coisas que eu vi
As colinas verdejantes,
praças e passos de viajantes
as rochas insensíveis, indiferentes
a servis e seus senhores
as riquezas que eu nunca quis
e até as que quis, os meus amores
O sal na minha pele, o branco dos meus cabelos
Todos os laços que fiz, todos os elos
Só não te devolvo o que não tenho
Pois não me pertence o que não é meu,
Devolvo-te as coisas que eu senti,
Chuva que caiu dos meus olhos, que me deu o céu
O calor do sol e as tempestades,
Troco a luz, que me era vida, p'lo teu bréu
E aos que ficam, deixo as saudades.

Ana Kandsmar


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Perdição de D. Sancho II, Paulo Pimentel

"Travessia no Deserto"