O que nos dá sentido à vida, não é o bem-estar físico, é ter quem nos acompanhe



Se pensarmos bem, se olharmos com olhos de ver para o que tem sido a nossa história nas últimas décadas, depressa percebemos que estamos a ser conduzidos por uma agenda pensada e programada, sem pontas soltas ou acasos, uma agenda defendida, inicialmente pelo que nos parecia serem boas causas. Vamos aos anos 30, 40, 50, as primeiras sufragistas, os primeiros grupos feministas, os primeiros sinais da revolução sexual. Sejamos honestos :A libertação das mulheres, esse avanço civilizacional que deu asas ao mundo feminino, foi ou não a abertura da caixa de pandora? Se analisarmos bem, houve realmente uma revolução sexual que trouxe às mulheres, e consequentemente aos homens, o melhor dos mundos, ou tivemos, pelo contrário, uma contra- revolução que legitimou o machismo nas suas piores formas e se revelou, afinal, sexista?
As mulheres deixaram de ser fadas do lar, é verdade. Puderam, finalmente, dedicar-se às suas carreiras profissionais e isso pode ser visto como uma coisa boa. Mas, eis o que esse bom nos trouxe de mau: Divórcio,promiscuidade nas relações, falta de tempo para a família, famílias destruídas, crianças criadas sem pais presentes, idosos sem suporte familiar, despejados em asilos ou condenados à solidão nas suas próprias casas; baixa de rendimentos por família; abortos legais e ilegais. O que ganharam verdadeiramente as mulheres? As mulheres ganharam o trabalho fora de casa, as mulheres têm os seus próprios ordenados, as mulheres viajam, as mulheres estudam, as mulheres dormem com quantos homens querem. Mas as mulheres ganharam também o fardo de trabalhar por dois para sustentar os filhos que os homens deixaram para trás e as mulheres sofrem porque não conseguem criar vínculos fortes com os filhos que não têm tempo para educar. E não, as mulheres não conseguiram colocar-se a salvo da violência doméstica.
Já os homens, os homens também seguiram a agenda e perderam a ligação com a família, porque a família implica amor, sacrifício, responsabilidades assumidas. Responsabilidades que foram banidas pela cultura da revolução sexual. O prazer desligou-se das consequências do sexo. O homem engravida a mulher e a mulher tem o filho sozinha ou faz o aborto. Grande parte das vezes a opção é o aborto, porque…há a carreira e o salário pequeno. Deixou de haver elevação moral.
Quanto ao aborto, estamos entendidos, ele favorece, sobretudo, os homens. Voltamos àquilo que uma família implica: Amor, sacrifício e responsabilidades assumidas. O homem pode agora desligar-se das suas responsabilidades e ter sexo com mulheres que não ama. As mulheres ganharam o quê mesmo, com a revolução sexual? O peso de terem que escolher entre ter uma carreira ou ter filhos? O peso de criar os seus filhos sozinha ou fazer abortos? Resume-se a isto. Em 2018 Portugal tinha cerca de 460.315 famílias monoparentais, a larguíssima maioria composta pela mãe e 1 ou 2 crianças, e diz o JN que esta é uma realidade que tem crescido 12% ao ano, nos últimos 5 anos. “Este valor ultrapassa em quase 127 mil o número de famílias ditas tradicionais em Portugal, isto é, famílias compostas por um casal “que vive debaixo do mesmo tecto” e compõe “um agregado doméstico” com descendência”. Diz ainda o Jornal de Notícias. Isto é assim em qualquer parte do mundo em que a revolução sexual tenha acontecido. Uma realidade que não engana ninguém, e que, agora que tanto se fala na eutanásia, percebemos que já eutanasiamos os pais há décadas. A paternidade está morta e a maternidade para lá caminha. O que nos resta então, se a esperança média de vida aumenta? Fazemos o quê? Vamos para onde? Somos cuidados por quem? É aqui que entra a parte mais obscura da agenda que deu os primeiros passos no início do Sec. XX.
Se a família, que é o pilar da sociedade, atravessa a decadência; se a família que é aquilo que nos torna gregários, que nos ensina a comunhão, a partilha, a dádiva e o amor , aquilo que nos distingue afinal dos restantes animais, está em colapso, ficamos com o quê quando chegarmos a velhos? De que adianta termos a nossa esperança média de vida aumentada se os anos extra que a ciência nos permite serão vividos em solidão? De que adianta vivermos até aos 90, se não formos pais, se não formos mães, se não formos avós?
É aqui, através deste buraco na rede familiar que se introduz a eutanásia. Eis o que temos no fim: Um desejo de morte porque nada nos resta. O que começou com uma necessidade de libertação das mulheres acabou a legitimar o machismo, o que começou com uma necessidade de liberdade sexual transfigurou-se em libertinagem e acabará, inevitavelmente, com uma injecção letal. Andámos décadas enganados. O que nos dá sentido à vida, não é o bem-estar material, nem mesmo o bem-estar físico. O que nos dá sentido à vida é ter quem nos acompanhe.

Ana Kandsmar

Par, Séniores, Pensionistas, Idade, Silhueta



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